CONFLITO
A briga épica entre Bolaños e Quico exposta na série de Chaves
Produção dramatiza os bastidores turbulentos e reacende polêmica entre Bolaños, Villagrán e Florinda Meza
Por Redação

Nem só de risadas viveu o elenco do clássico Chaves. Lançada na última quinta-feira, 5, a série Chespirito: Sem Querer Querendo, da Max, vai além do humor que marcou gerações e mergulha nas tensões reais por trás das câmeras, incluindo o famoso conflito entre Roberto Gómez Bolaños, criador e intérprete do personagem-título, e Carlos Villagrán, o Quico, que deixou o programa em 1979.
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Na nova versão dramatizada, o personagem de Villagrán aparece sob outro nome: Marcos Barragán. O motivo? Nem ele, nem Florinda Meza — intérprete de Dona Florinda e viúva de Bolaños — participaram da produção. A série optou por mudar os nomes e incluir um aviso de que qualquer semelhança com pessoas reais é “mera coincidência”.
Mesmo assim, não é difícil identificar o paralelo. Interpretado por Juan Lecanda, o novo “Quico” é retratado de maneira caricata, explosiva e egocêntrica, servindo como um reflexo dos embates entre os atores. “Existia ciúme profissional, tensões e atritos. Precisávamos mostrar isso para não parecer uma encenação vazia”, afirmou Lecanda ao Splash.
Conflito antigo
Na vida real, os atritos entre Bolaños e Villagrán extrapolaram os estúdios. O ator que deu vida ao Quico deixou o seriado após sete anos, alegando inicialmente o desejo de seguir carreira solo. Mais tarde, porém, acusou Bolaños de sabotagem. “Ele [Bolaños] tinha inveja”, declarou Villagrán em entrevistas posteriores. Bolaños sempre negou as acusações e contou com o apoio de colegas de elenco.
Além das disputas criativas, especula-se que um suposto triângulo amoroso entre Villagrán, Bolaños e Florinda Meza tenha agravado o conflito. Villagrán afirmou que Meza “teria dado em cima dele insistentemente” no início do programa, o que o levou a pedir ajuda ao próprio Bolaños. Meza prefere evitar o assunto. Em 2023, declarou: “falar sobre isso seria promover a imagem de alguém que não vale um centavo”.
Após deixar a Televisa, Villagrán tentou seguir carreira solo com o personagem Quico, mas se recusou a creditar Roberto Gómez Bolaños como seu criador. Por isso, foi processado e perdeu na Justiça, ficando impedido de usar o nome e a imagem do personagem no México e em parte da América Latina.
A saída encontrada foi modificar a grafia: em 1980, estreou na Venezuela o programa Kiko Botones, interpretando o mesmo personagem, mas com o nome alterado para contornar os direitos autorais.
Apesar de algumas tentativas de reconciliação, como a participação em uma homenagem a Bolaños na Televisa, o clima nunca se normalizou. Em 2013, Villagrán chegou a dizer que os problemas de saúde de Bolaños eram “castigo divino”. Todavia, quando o criador de Chaves morreu, em 2014, Villagrán lamentou não ter feito as pazes.
Representação delicada
Na série da Max, a ausência de autorização oficial para o uso da imagem de Villagrán levou à criação de um personagem alternativo. Ainda assim, Juan Lecanda mergulhou no papel. “Fiquei emocionado por abordar o personagem com tanta verdade, honestidade e responsabilidade”, contou.
Para alcançar a performance, Lecanda revelou ter feito uma preparação intensa. “Estudei entrevistas, programas antigos… e fui somando tudo ao que já tinha de semelhança física com o personagem, que não é mérito meu. Tenho um bom ouvido e sou muito atento, então mergulhei nas características físicas e vocais dele. Precisei acertar até o tom mais agudo da voz.”
Sobre possíveis reações da família de Villagrán, o ator é cauteloso. “Não sei como os filhos de Carlos Villagrán vão reagir. Acho que não cabe a mim responder sobre isso. É uma questão deles.”
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