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PRAZER FEMININO

Orgasmo só para eles? 50% das mulheres brasileiras nunca chegaram lá

Mais de metade das mulheres nunca sentiram orgasmos durante as relações com os parceiros

Por Franciely Gomes

12/06/2025 - 9:00 h | Atualizada em 12/06/2025 - 10:39
40% das mulheres nunca se tocaram
40% das mulheres nunca se tocaram -

Apesar de ser um assunto cada vez mais comentado na web nos últimos anos, o prazer feminino ainda é um tabu para muitas mulheres. Segundo dados coletados pelaAssociação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Pessoal (ABEMSS), em 2023, mais de 50% das mulheres brasileiras nunca tiveram um orgasmo na vida.

O estudo ainda aponta que as taxas de orgasmo feminino são ainda menores entre mulheres heterossexuais e apenas 12% delas associam prazer ao sexo. A maioria relaciona o ato de prazer a outros sentimentos e atividades, tais como sentir-se desejada ou momentos de lazer, como viagens.

Em entrevista ao Portal A TARDE, uma jovem, que preferiu não ter sua identidade revelada, contou que a falta de orgasmo foi um fator primordial para o fim de seu relacionamento de três anos.

No relato, a moça revelou que não conseguia chegar ao clímax durante a penetração com o parceiro e chegou até a conversar com ele sobre o assunto. Nesse Dia dos Namorados, o casal não está mais junto.

“A penetração em si durava facilmente mais de 50 minutos. Eu expliquei para ele certa vez, lá no comecinho do namoro, que eu não gozava só desse jeito, porque se existia uma dificuldade dele me fazer gozar assim, porque eu não chegava lá, ele podia modificar as formas e a gente poderia comprar brinquedos. Nunca tive esse tabu”, disse.

Ela ainda contou que uma das únicas vezes que conseguiu sentir um orgasmo foi quando se masturbou durante a relação. “Na vez que eu mesma me masturbei, ele não gostou e falou: ‘Ah, pra quê você fez isso? Não tinha necessidade’”.

“Eu ei três anos nessa relação e a gente transava muito mesmo, cerca de quatro vezes ao dia, mas se eu transasse quatro vezes com ele no dia, nas quatro vezes eu fingia um orgasmo e foi muito difícil para mim”, completou.

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O prazer como forma de punição

É importante ressaltar que o prazer feminino sempre foi um tabu na sociedade. Muitas mulheres foram ensinadas apenas a satisfazerem seus parceiros, chegando a fingir orgasmos durante as relações sexuais, ou que se masturbar é um ato sujo e errado.

Ainda segundo dados da ABEMSS, cerca de 40% das mulheres nunca tocaram o próprio corpo e mal conhecem os órgãos sexuais e reprodutivos que possuem. Algumas delas não sabem nem o que é o clitóris, o órgão responsável pelo prazer e orgasmo feminino, ou onde ele fica.

Ao portal, a ginecologista Tina Batalha apontou que a falta de conhecimento do próprio corpo e o tabu com a masturbação feminina contribuem para que estas mulheres nunca tenham chegado ao clímax na hora do sexo com seus parceiros.

“Quando a mulher conhece seu corpo, entende o que a excita, quais são as zonas mais sensíveis, o tipo de toque e de estímulo que funcionam para ela, o caminho até o orgasmo tende a ser mais direto. E é através da masturbação consciente — sem pressa, sem culpa, com curiosidade que vamos nos conhecendo. Não adianta querer que o parceiro (a) ajude a chegar lá se nem você mesmo sabe como fazer”, disse ela.

Muitas mulheres fingem orgasmo durante as relações
Muitas mulheres fingem orgasmo durante as relações | Foto: Ilustrativa | Freepik

A especialista em Sexualidade e Terapia Pélvica, Paula Milena, também reforça que o autoconhecimento é de extrema importância na garantia do prazer. “Quando a gente fala de autoconhecimento não é só a masturbação na vulva, no caso das mulheres,. É importante conhecer o corpo”, refletiu.

“A gente precisa sair da caixinha e desse lugar de que sexo é vulva e pênis. Sexo é corpos e quando a gente fala corpos é o meu corpo inteiro com o seu corpo inteiro. Então, se eu quero potência sexual, eu preciso conhecer o meu corpo inteiro através de estímulo e de treinamento”, completou.

A masturbação e o autoconhecimento são como um GPS, o caminho para uma potência de sexualidade boa".
Paula Milena

Medo e vergonha

Outro fator determinante para garantir o orgasmo dentro de uma relação amorosa é a conversa direta com o parceiro, sem medo e vergonha, explicando o que deve ser feito e sugerindo alternativas para melhorar a relação.

Em seu relato, a jovem ouvida pelo A TARDE contou que tentou conversar sobre o assunto com o ex-namorado e até apresentou sugestões, mas recebeu uma resposta negativa ao tocar no assunto, ficando reprimida ao longo da relação.

“Eu tentei conversar, dizer que a gente podia comprar brinquedo, lubrificante que esquenta e eu podia me tocar durante a penetração, mas ele recusou: ‘Amor a gente não precisa disso, eu tenho certeza que eu consigo te fazer gozar só comigo’. Eu fiquei muito chocada com a resposta, porque eu estava dizendo que a gente precisava sim disso”, relembrou.

Terapeuta sexual de casais, Paula Milena explica que o diálogo dentro das relações tem se tornado cada vez mais difícil. Para ela, é importante que o parceiro escute atentamente e tente atender as demandas de sua parceira de forma empática.

“O que eu vejo hoje é competição, ego, prepotência e arrogância. É uma disputa desnecessária que não vai para lugar nenhum e quando o assunto é sexo isso é triplicado. Porque não podemos conversar e encontrar equilíbrio quando os 'narizes' estão lá em cima”, explicou.

Tina Batalha também reforça que o diálogo deve vir carregado de sinceridade, porém com um toque de leveza. “O mais importante é que a abordagem seja afetiva, aberta e sem acusações. Falar sobre o que se gosta, o que desperta desejo, o que poderia ser experimentado com mais calma — tudo isso aprofunda a intimidade e torna o sexo mais prazeroso para ambos”, aconselhou.

Orgasmo feminino nas telinhas e telonas

Filme Babygirl e novela Vale Tudo
Filme Babygirl e novela Vale Tudo | Foto: Reprodução

Engana-se quem pensa que a falta de orgasmo entre as mulheres não seja um tema abordado nos cinemas ou na teledramaturgia. Recentemente, a personagem Leila, interpretada pela atriz Carolina Dieckmann no remake da novela Vale Tudo, trouxe o assunto à tona em uma conversa.

Na cena, que foi ao ar na primeira semana de junho, a moça confessou para Marco Aurélio, seu par romântico, que ele foi o primeiro homem que a fez gozar de verdade, mesmo ela já tendo sido casada e namorado outras vezes antes dele.

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A cena acabou repercutindo entre os telespectadores e internautas, que também não sabiam a diferença entre as duas coisas. “Nem todo homem sabe dar prazer pra uma mulher, são poucos”, disse uma moça. “Certas as palavras dela, muitas mulheres não tem coragem de falar para os homens que se acham o máximo”, afirmou outra.

Já nas telonas, o assunto foi abordado durante o filme Babygirl, lançado em dezembro de 2024 e estrelado pela atriz Nicole Kidman. Na trama, a personagem percebe que nunca conseguiu sentir um orgasmo com o marido e nunca teve coragem de compartilhar a informação com ele.

Ela acaba conhecendo outro rapaz, que trabalha como estagiário em sua empresa, e a a ter um caso extraconjugal, explorando seus fetiches e prazeres.

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Terapia sexual

Uma alternativa para melhorar a vida sexual de casais que estão há muito tempo em um relacionamento e enfrentam problemas com orgasmos é a terapia sexual. A busca por um profissional especializado pode mudar a forma de sentir prazer em qualquer idade.

“A terapia sexual é uma abordagem clínica especializada que ajuda a entender e tratar as dificuldades relacionadas ao desejo, excitação, prazer e orgasmo — sempre respeitando o ritmo, a história e os limites de cada mulher. Para quem nunca teve um orgasmo, a terapia oferece um espaço seguro para explorar as causas possíveis, que podem ser emocionais, culturais, relacionais ou até mesmo médicas”, afirmou a ginecologista Tina Batalha.

“Ela ajuda a desconstruir mitos, ressignificar crenças limitantes, reduzir a ansiedade e desenvolver uma nova relação com o corpo e com o prazer. Muitas vezes, o primeiro o é simplesmente ser ouvida sem julgamento, algo que já tem um impacto profundo”, explicou.

A profissional ainda listou as práticas feitas durante a sessão de terapia. “A partir daí, com orientações, exercícios práticos (como os de foco sensorial ou de consciência corporal), apoio psicoeducativo e, em alguns casos, parceria com ginecologistas e fisioterapeutas pélvicas, a mulher pode vivenciar um processo de reconexão extremamente transformador”, explicou

O mais importante é saber que nunca é tarde para despertar o prazer".
Tina Batalha

“Mesmo mulheres que aram a vida inteira sem orgasmo podem, com o e adequado, descobrir novas formas de sentir, de se apropriar do corpo e de viver sua sexualidade com liberdade. Buscar terapia é um ato de coragem, de amor-próprio e de compromisso com o seu próprio bem-estar”, concluiu Tina.

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