TECNOLOGIA
Ativistas criticam uso de IA pela Meta para monitorar segurança online
Órgão regulador de comunicações do Reino Unido faz pressão sobre regulação digital
Por Redação
Organizações que atuam na proteção de crianças e na regulação digital estão em alerta com os planos da Meta de utilizar inteligência artificial (IA) para automatizar avaliações de risco em suas plataformas, como Facebook, Instagram e Threads. A medida foi duramente criticada em uma carta enviada à Ofcom, órgão regulador de comunicações do Reino Unido.
No documento, assinado por entidades como Molly Rose Foundation, NSPCC e Internet Watch Foundation, os ativistas pedem que a Ofcom limite o uso de IA em processos considerados críticos para a segurança online de usuários, especialmente menores de idade.
A carta aponta que a automatização das análises representa um “o retrógrado e altamente alarmante”. A Ofcom afirmou que está “considerando as preocupações” levantadas pelas organizações, segundo informou o jornal The Guardian.
Por que o uso de IA na segurança digital preocupa especialistas?
Desde a aprovação da Lei de Segurança Online do Reino Unido, plataformas de redes sociais são legalmente obrigadas a conduzir avaliações de risco sobre como seus serviços podem causar danos aos usuários – e como planejam mitigar esses riscos. A lei dá especial atenção à proteção de crianças e adolescentes e à remoção de conteúdo ilegal.
A carta enviada à Ofcom solicita que a regulação seja firme contra qualquer tentativa das big techs de “diluir seus processos de avaliação de risco”. Os signatários temem que a substituição de especialistas humanos por sistemas automatizados de IA comprometa a qualidade e a profundidade das análises exigidas pela legislação.
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IA da Meta poderia aprovar atualizações sem revisão humana
A Molly Rose Foundation liderou a articulação da carta após uma investigação da NPR revelar que a Meta estaria implementando mudanças significativas em seus processos internos. Segundo a reportagem, atualizações de algoritmos e recursos de segurança ariam a ser aprovadas automaticamente por sistemas de IA, sem revisão humana.
Essa mudança permitiria à Meta acelerar o lançamento de novos recursos no Facebook, Instagram e WhatsApp. No entanto, ex-executivos ouvidos sob anonimato alertaram que a estratégia poderia “aumentar os riscos para os usuários”, ao reduzir a capacidade de prevenir falhas ou abusos antes que as mudanças sejam implementadas.
Além disso, a NPR apontou que a empresa estaria estudando automatizar revisões em áreas sensíveis, como risco juvenil e desinformação.
Ofcom e Meta respondem às críticas
Em resposta pública, um porta-voz da Ofcom declarou:
“Deixamos claro que os serviços devem nos informar quem completou, revisou e aprovou sua avaliação de risco. Estamos considerando as preocupações levantadas nesta carta e responderemos oportunamente.”
Já a Meta negou que esteja delegando decisões críticas de segurança exclusivamente à inteligência artificial.
“Não estamos usando IA para tomar decisões sobre risco”, afirmou a empresa. “Nossos especialistas construíram uma ferramenta que ajuda equipes a identificar quando requisitos legais e de política se aplicam a produtos específicos. Usamos tecnologia, supervisionada por humanos, para melhorar nossa capacidade de gerenciar conteúdo prejudicial.”
Meta também é acusada por usuários de Android
A Meta foi acusada de rastrear o histórico de navegação na internet de usuários de celulares Android. A gigante da tecnologia teria começado a realizar estas ações em setembro de 2024.
De acordo com um grupo de cientistas da computação afiliados à IMDEA Networks (Espanha), Radboud University (Holanda) e KU Leuven (Bélgica), a mesma prática era utilizada pelo Yandex desde 2017. Esta empresa é uma concorrente russa do Google.
O relatório divulgado pelos pesquisadores aponta que a tática cruzava os dados de um mecanismo que monitora a interação do usuário com as propagandas de um site, o Meta Pixel, com os aplicativos do Facebook e Instagram. Isso permitia que a Meta ligasse a atividade da pessoa ao endereço IP registrado nos aplicativos de redes sociais.
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